Dados revelados pela ImpulsoGov, organização sem fins lucrativos que, em parceria com governos, fortalece o SUS com soluções gratuitas e inovadoras, com base nas informações da SISAB (Sistema de Informação sobre Saneamento Básico) do 3º quadrimestre de 2024, mostram que a adesão aos exames e consultas de acompanhamento de doenças crônicas no Brasil está abaixo do esperado, colocando em risco a saúde de milhões de cidadãos.
Os números mostram que a aferição da pressão arterial e consultas para acompanhamento de hipertensão apresentaram índices preocupantes. De 42,6 milhões de atendimentos esperados, apenas 11,9 milhões (28%) foram registrados, ficando de fora mais de 30,6 milhões de pessoas (72%). A hipertensão não controlada pode levar a complicações graves, como infarto, AVC e insuficiência renal, o que reforça a importância do monitoramento constante.
Em outra análise, de um total de 16,9 milhões de pessoas que deveriam realizar exames de hemoglobina glicada e consultas para o acompanhamento do diabetes, apenas 3,8 milhões de pessoas (22,7%) realmente o fizeram no último semestre de 2024. Isso significa que 13,1 milhões de cidadãos (77,3%) não realizaram o exame nos serviços públicos da Atenção Primária à Saúde (APS), um alerta para a falta de adesão ao acompanhamento necessário para prevenir o agravamento da doença.
“Os dados do último quadrimestre de 2024 revelam um cenário de alerta. São milhões de pessoas com maior risco de infarto, AVC, perda da visão, complicações renais e outros agravamentos evitáveis com um correto e assíduo acompanhamento”, destaca Juliana Ramalho, gerente de Saúde Pública da ImpulsoGov. “A promoção e a prevenção são sempre os melhores caminhos e mais efetivos, tanto diminuindo o possível sofrimento do usuário em caso de agravamento, quanto de recursos dentro do SUS.”
Os indicadores de acompanhamento de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs) como hipertensão e diabetes enfrentam alguns desafios: o público-alvo é extenso, a população está envelhecendo e as DCNTs têm aumentado não apenas no Brasil, mas ao redor do mundo.
“Para enfrentar esse desafio, os gestores precisam de ferramentas que os ajudem a identificar onde estão os gargalos e quem são as pessoas que ainda não foram atendidas, traduzindo dados em ações concretas, que apoiem equipes de saúde na busca ativa e no planejamento estratégico”, comenta Juliana.
Os dados da SISAB[1] consolidados pela ImpulsoGov são oficiais do Ministério da Saúde e referentes aos resultados dos municípios no 3° quadrimestre de 2024. São considerados os denominadores[2] (pessoas consideradas no público-alvo de um determinado indicador) e os numeradores (pessoas que receberam o atendimento definido em um determinado indicador) para cada um dos sete indicadores que eram considerados pelo antigo programa de financiamento da Atenção Primária à Saúde.
O modelo de financiamento da APS, em seu antigo formato, foi instituído em 2019 e substituído a partir da Portaria GM/MS nº 3.493, de 10 de abril de 2024, que estabeleceu uma nova metodologia de Cofinanciamento Federal do Piso de Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Menos da metade das gestantes está dentro da meta de pré-natal
A saúde das gestantes também é um desafio. No terceiro quadrimestre do ano passado, 737 mil mulheres deveriam ter realizado o acompanhamento de pré-natal com as seis consultas previstas, considerando que a 1ª delas fosse realizada até a 12ª semana de gestação, mas apenas 343 mil (46,5%) cumpriram o ciclo. Mesmo com um índice de comparecimento abaixo da metade, a meta do antigo programa de financiamento do Ministério da Saúde, de 45%, foi atingida, demonstrando a aderência dos municípios às recomendações.
Vacinação infantil abaixo da meta
Os melhores índices obtidos pelo estudo dizem respeito à vacinação infantil, embora estejam abaixo da meta de 95% que era estipulada pelo Ministério da Saúde para o programa. A vacina pentavalente, que protege contra doenças como difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b, e a proteção contra poliomielite foram realizadas no período indicado por 563 mil crianças abaixo de 1 ano de idade (75,8%), de um total de 743 mil que precisavam ser vacinadas. A falta de vacinação coloca as crianças em risco de contrair doenças que podem ser evitadas.
Como melhorar os índices
Quem são as mulheres que ainda não realizaram consultas de pré-natal em um determinado município? E quem é a equipe de saúde responsável por identificá-la? Para apoiar nessas respostas, a ImpulsoGov disponibiliza o Impulso Previne.
Trata-se de uma solução digital e oferecida de forma gratuita para os municípios que centraliza em uma plataforma dados, análises e recomendações sobre os principais indicadores de prevenção em saúde, para apresentá-los de forma rápida e descomplicada aos profissionais do SUS.
Mais de 165 municípios já tiveram acesso ao Impulso Previne, sem qualquer custo para eles. Até o fim de 2025, o objetivo da ImpulsoGov é alcançar ao menos 320 municípios. Hoje, os recursos vêm de entidades filantrópicas, empresas privadas e pessoas físicas, e do programa de match funding Juntos pela Saúde, do BNDES.