A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira que o surto de mpox continua a representar uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). A decisão baseia-se no aumento contínuo do número de casos e na expansão geográfica da doença, especialmente em regiões da África Central e Oriental.
Desde o início de 2024, mais de 21.000 casos de mpox foram confirmados laboratorialmente em todo o mundo, resultando em 70 mortes, principalmente na República Democrática do Congo (RDC). Além disso, no ano anterior, foram registrados mais de 50.000 casos suspeitos e mais de 1.000 óbitos. A nova variante do vírus, conhecida como clado Ib, tem afetado predominantemente a RDC, mas também foram relatados casos significativos em Uganda e Burundi. Casos relacionados a viagens foram identificados em países como Tailândia e Reino Unido.
A situação na RDC é particularmente preocupante, com a violência no leste do país dificultando os esforços de resposta ao surto. A OMS destacou que a instabilidade na região tem sido um obstáculo significativo para a implementação de medidas eficazes de controle e prevenção.
A mpox é uma infecção viral que se espalha através do contato próximo, causando sintomas semelhantes aos da gripe e lesões na pele. Embora geralmente seja considerada uma doença leve, pode ser fatal, especialmente em populações vulneráveis.
Em resposta ao surto, a OMS e os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (Africa CDC) têm trabalhado em conjunto para coordenar ações de combate à epidemia. Entre as medidas estão a distribuição de vacinas, a realização de testes e a disponibilização de tratamentos. No entanto, a produção de vacinas contra a mpox é limitada, com apenas dois laboratórios, o dinamarquês Bavarian Nordic e o japonês KM Biologics, responsáveis pela fabricação. A maioria das doses já foi pré-adquirida por países mais ricos, o que levanta preocupações sobre a equidade na distribuição, especialmente para as nações africanas mais afetadas.
O diretor do Africa CDC, Jean Kaseya, estima que são necessárias 10 milhões de doses de vacina até o final de 2025 para controlar efetivamente o surto. Até o momento, a União Europeia comprometeu-se a fornecer 215.000 doses, a França 100.000 e os Estados Unidos 50.000. Apesar desses esforços, especialistas alertam que uma resposta mais robusta e sustentável é crucial para conter a propagação da doença no continente africano e prevenir possíveis surtos em outras regiões.
A OMS enfatiza a necessidade de uma colaboração internacional reforçada, incluindo o compartilhamento equitativo de recursos de saúde e a transferência de tecnologia para permitir a produção local de vacinas na África. Somente através de uma resposta global coordenada será possível controlar a disseminação da mpox e proteger as populações mais vulneráveis.