Após cinco anos, o Brasil recuperou o título de país livre do sarampo. A certificação de eliminação da doença no território nacional foi entregue pela Opas, Organização Pan-Americana da Saúde, à ministra da Saúde Nísia Trindade, em cerimônia, nesta terça-feira (12), em Brasília.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações, o último registro de sarampo no Brasil aconteceu em junho de 2022, no Amapá. Este ano, foram registrados quatro casos importados, no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo, mas medidas como a busca ativa e a vacinação de bloqueio ajudaram a evitar nova infecções.
Segundo o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, estima-se que quase um quarto das crianças deixaram de se vacinar durante a pandemia, mas a queda dos índices de vacinação já vinha em declínio na região das Américas desde 2015. Mas, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde e do Unicef, a região foi a que mais recuperou cobertura vacinal pós pandemia. Jarbas Barbosa reforçou que é preciso manter a vigilância e a vacinação para evitar o retorno da doença.
“Com essa certificação do Brasil, a gente volta a ser a única região do mundo livre do sarampo. Mas não nos esqueçamos de que o sarampo continua a existir no mundo, na Europa, na Ásia, na África, em todos os outros continentes. Nós teremos casos importados de sarampo. O preocupante é quando não tiver. Provavelmente é porque a vigilância não teve capacidade de detectar. Então manter o binômio vacinação elevada e homogênea e uma vigilância sensível, epidemiológica, ao apoio da rede de laboratórios”.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou o papel dos vacinadores que muitas vezes precisam ir a locais distantes, em barcos transformados em unidades de saúde, para vacinar a população.
“A vacina tem que vir junto da vacinação. Eu acho que é de uma luta histórica de muitos sanitaristas no Brasil, de muitas pessoas, outras nem sempre reconhecidas, mas que fazem parte dessa história e que vão aos diferentes cantos do Brasil. Como [diz] Milton Nascimento: o vacinador tem que ir onde o povo está, assim como artista.”
O sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil, mas foi controlado no país graças às políticas de vacinação. O Brasil conquistou a certificação da Opas pela primeira vez em 2016, mas ela foi perdida em 2019 com a queda nos índices vacinais e a ocorrência, a partir de 2018, de surtos, especialmente no Amazonas, Roraima e São Paulo. Segundo o Ministério da Saúde, os casos de sarampo voltaram devido ao intenso fluxo migratório de países vizinhos associado às baixas coberturas.
A doença é prevenida pela vacina tríplice viral, que faz parte do Calendário de Vacinação do SUS e é oferecida em todas as unidades básicas de saúde. O imunizante protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, doenças altamente infecciosas que podem causar sequelas graves. Crianças de 12 meses até adultos de 29 anos devem se vacinar com duas doses. Para pessoas de 30 a 59 anos a imunização é feita com uma dose.
Com Informações da Agência Brasil.