O diabetes gestacional (manifesta-se na gravidez) aumenta em seis vezes o risco de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), doença que vem crescendo com o aumento da obesidade e o sedentarismo. Segundo as estatísticas, 16% dos nascidos vivos são originários de mães com diabetes. Apesar de representar riscos para a mãe e para o bebê, quando há mudança de estilo de vida, evitando o aumento excessivo de peso – com alimentação saudável e a prática de exercícios – e um bom acompanhamento, o diabetes pode ser mantido sob controle, reduzindo a chance de problemas.
A análise é da mestre e doutoranda em Ciência da Saúde (ICS/UFBA), preceptora da Residência de Endocrinologia do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (Cedeba) e endocrinologista da Maternidade de Referência José Maria de Magalhães Netto, Luciana Leone. Ela apresentou em sessão clínica, uma iniciativa da Coordenação de Ensino e Pesquisa do Cedeba, o tema “Diabetes Gestacional: Qual o Papel da Metformina?” e mostrou vários estudos sobre o uso da metformina na gestação. Quando as medidas não farmacológicas não são suficientes, a recomendação é o uso da insulina, considerado padrão ouro para o tratamento do diabetes durante a gestação.
Mudança de estilo de vida
Na maioria dos casos de diabetes gestacional – 70% – obtém-se bom controle, segundo a especialista, apenas com mudanças saudáveis no estilo de vida, como a prática regular de atividades físicas, alimentação saudável – restrição de carboidratos e alimentos processados – e cuidados no ganho de peso durante a gestação, principalmente naquelas gestantes que já tinham excesso de peso prévio. Se houver bom controle glicêmico e do peso, o risco de desfechos adversos para mãe e feto diminui. No ambulatório de Diabetes Gestacional do Cedeba, a equipe trabalha de forma integrada, com o foco no bom controle glicêmico.
Quando o controle não é feito pela mudança de estilo de vida – explicou a endocrinologista – é preciso usar medicamentos para manter a glicemia sob controle. Com a glicemia elevada, podem ocorrer uma série de problemas como macrossomia (excessivo crescimento fetal), hipoglicemia, icterícia e hipocalcemia ao nascimento. Na mãe, há aumento de risco de doença hipertensiva da gestação, parto cesário e distocia de ombro (lesão causada pela passagem do canal de parto).
A endocrinologista apresentou vários estudos científicos sobre o uso da metformina na gestação e suas consequências no bebê e no seu desenvolvimento na primeira infância. Disse que ainda são necessários mais estudos. Observou que embora o padrão ouro seja a insulina, há casos – ganho de peso excessivo com o uso da insulina – em que há necessidade do uso de insulina e metformina.
Atualmente, os valores de glicemia para a gestante, segundo a especialista, são de 95 em jejum, 153 duas horas após a alimentação e 180 com uma hora. Com o diagnóstico de diabetes gestacional – pontua Luciana Leone – o acompanhamento tem que ser feito com muito cuidado para a obtenção do controle glicêmico, a fim de evitar os riscos para a gestante e o feto.
O diabetes gestacional é mais frequente nos últimos meses da gestação “Quando o diabetes se manifesta antes da vigésima semana de gestação, indica que a paciente tinha diabetes antes de engravidar”, afirma Luciana. O acompanhamento é feito com glicemia de jejum. Mas, se a gestação já passou de 20 semanas, é realizado o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG).
Com informações Cedeba