A gengiva é parte fundamental quando falamos de saúde bucal. Servindo como uma barreira protetora contra bactérias e infecções, ela ajuda a fixar os dentes, protege as raízes e contribui para a estética do sorriso. Além disso, manter a gengiva saudável é essencial para prevenir doenças periodontais, como a gengivite e a periodontite, que podem levar à perda dentária.
Em contrapartida, quando ela não está em seu estado normal, os sinais logo surgem junto a alguns incômodos. Um desses sinais, é a recessão gengival, caracterizada pelo recuo da margem da gengiva, expondo parte da raiz do dente que normalmente está coberta. Isso pode resultar em uma aparência de dentes mais alongados e pode levar à sensibilidade dentária, uma vez que a raiz do dente exposta é mais sensível do que a parte coberta pelo esmalte da coroa do dente.
A escovação inadequada é um dos principais hábitos que pode provocar essa recessão, conforme explica a dentista e especialista e, periodontia, professora do curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera, Neurineia Margarida Alves de Oliveira Galdez. “Escovar os dentes com muita força ou utilizar uma escova de cerdas duras pode causar trauma na gengiva, levando à recessão. A técnica de escovação deve ser com movimentos suaves e circulares e não de vai-e-vem com pressão excessiva das cerdas das escovas sobre a gengiva. Outro fator, é a não utilização de fio dental regularmente, que pode levar ao acúmulo de biofilme bacteriano e cálculo dental entre os dentes, inflamar a gengiva e acabar contribuindo para sua recessão”, aponta.
Além da preocupação com a aparência, já que a parte mais amarelada da raiz fica visível, a dentista explica que é importante tratar a recessão gengival, pois ela pode levar a complicações como sensibilidade dentária, cáries na raiz exposta e perda óssea ao redor dos dentes em virtude da periodontite que é a causa mais comum de recessão gengival.
O tratamento pode incluir desde controle da placa bacteriana com a adequada higiene oral até procedimentos cirúrgicos para cobrir a raiz exposta e se estiver associada à desgaste dental a restauração dessas superfícies com a finalidade de restaurar a estética e a saúde bucal. O profissional com especialização em periodontia pode fazer o adequado diagnóstico das recessões e prescrever o tratamento mais indicado para tratá-las, realizando a raspagem das superfícies, controle do biofilme dental, orientações de higiene oral e em alguns casos cirurgias para o recobrimento de raízes associados ou não a enxertos gengivais.
Para uma escovação adequada, a especialista faz as seguintes recomendações:
Cerdas. Para a higienização bucal diária, o recomendado é que crianças e adultos utilizem escovas com cerdas macias ou extra macias, que são capazes de limpar os dentes sem causar danos nos tecidos da boca. Tenha atenção para a textura e a qualidade das cerdas. As com resistência média ou dura são indicadas para casos específicos ou para a limpeza de próteses dentárias.
Movimentação. Para começar a escovação, é preciso fazer movimentos circulares ou de cima para baixo, ou seja, da raiz para a coroa do dente, lembrando de posicionar sempre as cerdas da escova um pouco abaixo da margem da gengiva. Fazer uma pressão suave, sem força exagerada, nas superfícies internas e externas nos dentes, além da língua. A gengiva não deve ser escovada durante esse processo, pois não está preparada para o atrito, pode sofrer trauma e migrar de sua margem.
Fio dental. Para alcançar entre os dentes onde a escova não tem acesso, é importante utilizar o fio dental, pelo menos, uma vez ao dia. Esse recurso irá garantir que todos os resquícios de alimentos sejam eliminados da boca. A delicadeza em seu uso (associada com uma técnica correta) é necessária para uma excelente higienização, caso contrário, movimentos inadequados poderão traumatizar a gengiva causando inflamação e sangramento gengival, dor e inchaço.
Dentista. A visita periódica ao profissional especializado é a melhor forma de determinar diagnósticos, acompanhar a progressão de problemas e proporcionar o tratamento ideal para cada caso. As idas ao consultório odontológico devem acontecer, no mínimo, a cada seis meses. Em casos de histórico de doença periodontal, a visita ao dentista deve ser mais frequente, devendo acontecer a cada 3 ou 4 meses.