O ceratocone é uma doença que acomete inicialmente crianças e adolescentes e pode prejudicar o indivíduo pelo resto de sua vida. Trata-se de uma deformação da córnea, que pode levar a embaçamento visual, perda da nitidez para longe e para perto. Nos estágios iniciais, a dificuldade visual é pequena e pode passar despercebida, mas nas fases intermediárias e avançadas a visão pode ficar muito comprometida.
Segundo o Ministério da Saúde, ela afeta cerca de 150 mil pessoas por ano no País, atingindo principalmente indivíduos entre 10 e 25 anos. A boa notícia é que este é um mal que pode ser evitado. “Pode haver um fator genético associado, porém o ato de coçar os olhos costuma ser determinante para o desenvolvimento e evolução da doença”, alerta o diretor da Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO), Leiser Franco.
“Um dos principais fatores para desenvolver o ceratocone é o trauma contínuo do ato de coçar os olhos. Crianças e adolescentes que possuem alergias oculares e coçam os olhos frequentemente podem desenvolver esta deformidade da córnea. Portanto, como primeira frente de tratamento devemos parar de coçar os olhos, e caso necessário, tratar alergias oculares adequadamente com cuidados ambientais e colírios”, pontua o oftalmologista.
Junho violeta
A SGO destaca, neste mês, a campanha Junho Violeta, que alerta para a importância da prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento desta doença progressiva da córnea que pode levar à perda significativa da visão. “Nem sempre a criança percebe e comenta com os pais a alteração visual, por isso a importância dos exames de rotina com médico oftalmologista para o diagnóstico precoce”, orienta o especialista.
Uma vez desenvolvido, o ceratocone acomete inicialmente crianças e adolescentes e pode prejudicar o indivíduo pelo resto de sua vida. Entre os sintomas estão visão embaçada, sensibilidade à luz e dificuldade para enxergar com nitidez, mesmo com óculos. A doença atinge os dois olhos e em geral um olho tende a evoluir mais que o outro, assim o olho com melhor visão pode compensar o outro olho.
Leiser Franco explica também sobre os tratamentos. “Nos casos de ceratocone leve e moderado, o uso de óculos e lentes de contatos especiais podem dar uma visão satisfatória ao paciente. Os tratamentos cirúrgicos visam estabilizar a doença, enrijecendo ou regularizando a deformação da córnea. Por último, nos casos extremamente avançados, o transplante de córnea passa a ser a última alternativa para restabelecer a visão”, diz. Infelizmente, não são poucos os casos que chegam ao extremo. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 20% de todos os transplantes de córnea realizados hoje no país são consequência direta do ceratocone.