O 1º Encontro Nacional da Prematuridade e o 2º Seminário Internacional de Neonatologia reuniram, no Auditório do InRad, em São Paulo, profissionais de saúde, pesquisadores, gestores públicos e ativistas de todo o país para discutir os desafios e os avanços na assistência a bebês prematuros e suas famílias. O evento, promovido pela ONG Prematuridade.com, celebrou os 10 anos da única organização nacional dedicada à causa da prematuridade.
Realizado em formato híbrido, o encontro trouxe para o centro do debate temas como prevenção do parto prematuro, qualificação da assistência neonatal, imunização, políticas públicas e defesa dos direitos das famílias. Além disso, todos os painéis contaram com o relato de pais sobre o impacto da prematuridade nas suas vidas e dos seus filhos, o que fomentou ainda mais as discussões e os desafios e serem enfrentados.
“Nosso objetivo com este encontro foi não só celebrar uma década de atuação da ONG, mas também fortalecer o debate sobre a prematuridade como um dos maiores desafios da saúde pública no Brasil e no mundo”, afirmou a diretora-executiva da ONG Prematuridade.com. Denise Suguitani.
Durante o evento, foram apresentados dados que reforçam o impacto da prematuridade na saúde pública. O Brasil figura entre os 10 países com maior número absoluto de nascimentos prematuros no mundo. “A prematuridade é uma pauta intersetorial que precisa ser trabalhada de forma integral, desde a prevenção até o acompanhamento das famílias após a alta hospitalar”, destacou Denise.
Na mesa de debates, o evento contou com a participação da coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Ministério da Saúde, a pediatra e pesquisadora Sonia Isoyama Venancio, que explanou sobre a importância da mobilização de diferentes setores da sociedade em prol da causa.
O Ministério da Saúde participou do encontro por meio da equipe da Coordenação-Geral de Atenção à Saúde das Crianças, Adolescentes e Jovens, reforçando a parceria com a ONG e destacando a importância de iniciativas como essa para o fortalecimento das políticas públicas voltadas à primeira infância. “Entre as principais estratégias em andamento estão os avanços na Rede de Atenção Neonatal (Rede Alyne), com ampliação de leitos neonatais, maior custeio para as unidades, estímulo ao Método Canguru, apoio aos bancos de leite humano e fortalecimento dos ambulatórios de seguimento de recém-nascidos de risco”, explicou Sonia.
Outras ações destacadas pela coordenadora incluem a incorporação, no SUS, de uma nova tecnologia de prevenção contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), uma das principais causas de internação por doenças respiratórias em lactente e crianças pequenas, e que deverá impactar positivamente nas taxas de mortalidade infantil. O Ministério também vem expandindo a Estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes da Infância (IDP), com foco na formação de multiplicadores em estados das regiões Norte, Nordeste e em territórios indígenas, visando qualificar o atendimento na atenção primária e garantir o encaminhamento oportuno das crianças em situação de risco.
Em outro momento da atividade, a coordenadora da Câmara Técnica de Enfermagem em Saúde do Neonato e Criança (COFEN), Ivone Amazonas Abolnik, lembrou que o setor tem atuado de forma constante na promoção da humanização do parto e do nascimento. “Esse compromisso passa, prioritariamente, pela qualificação dos profissionais desde a atenção primária, pois acreditamos que um pré-natal de qualidade é fundamental para garantir o nascimento de um bebê saudável”, pontuou.
A discussão sobre imunização, especialmente contra o VSR e outras infecções que representam risco elevado para bebês prematuros, esteve entre os destaques das discussões. “A imunização salva vidas. Precisamos garantir equidade no acesso às vacinas e imunobiológicos para esse grupo que é extremamente vulnerável. É uma questão de compromisso com a saúde pública”, frisou Denise.
O evento também foi espaço para discutir as políticas públicas voltadas para a prevenção do parto prematuro e o cuidado longitudinal aos bebês e às famílias. Foram debatidas propostas como a ampliação do pré-natal de alto risco, o fortalecimento da rede de atenção neonatal, a necessidade de políticas de suporte psicossocial e medidas de proteção social, como a extensão da licença e paternidade para famílias de prematuros.
“Nosso trabalho, ao longo desses 10 anos, tem sido sensibilizar a sociedade, os profissionais e os gestores públicos para que a prematuridade seja tratada como uma prioridade na agenda de saúde. Esse evento foi mais um passo nessa jornada, que é coletiva, colaborativa e urgente”, concluiu Denise Suguitani.