Perder um bebê durante a gestação é uma experiência traumática, dolorosa e, muitas vezes, pouco comentada. No entanto, é fundamental que esse risco e tudo que o envolve seja esclarecido, para que as gestantes e também as mulheres que planejam engravidar possam ter o máximo de informação possível a respeito.
Com a repercussão de perdas gestacionais recentes entre mulheres famosas – como a cantora Lexa, as apresentadoras Sabrina Sato e Tati Machado e a atriz Micheli Machado-, o assunto voltou ao centro das discussões públicas, ganhando ainda mais evidência.
Segundo o Dr. Vamberto Maia Filho – ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana – a perda gestacional é uma das experiências mais traumáticas que uma mulher pode enfrentar, com impactos emocionais que podem deixar sequelas importantes e, em alguns casos, irreversíveis. “É fundamental que a equipe de saúde, junto com a família e a rede de apoio, reconheça esse luto e ofereça suporte psicológico adequado”, recomenda.
No Brasil, cerca de 1% das gestações terminam em óbito fetal, sendo que 80% dessas perdas ocorrem ainda no início, configurando aborto espontâneo. Quando acontece antes da 20ª semana de gestação, a perda é considerada aborto; após esse período, é classificada como natimorto.
Aborto espontâneo: possíveis causas
Dr. Vamberto explica que as causas de aborto espontâneo são, em sua maioria, genéticas ou decorrentes de alterações cromossômicas no feto. No entanto, há outros fatores de risco: má formação uterina, doenças crônicas não controladas (como hipertensão e diabetes), infecções e até hábitos de vida como consumo de álcool, tabaco e drogas.
No entanto, ele alerta que nem sempre a causa pode ser identificada. “Por isso, é essencial que a mulher tenha acompanhamento médico e, quando necessário, passe por uma investigação mais aprofundada”, indica o especialista.
Perda na reta final da gravidez
Já os casos de natimorto – perdas na fase final da gestação- estão frequentemente relacionados a problemas durante a própria gravidez, como complicações na placenta e no cordão umbilical, pré-eclâmpsia, descolamento de placenta, diabetes mal controlado e malformações fetais. “Tudo isso reforça a importância do pré-natal bem feito”, destaca o Dr. Vamberto.
A principal forma de prevenir perdas gestacionais, segundo ele, é por meio de uma assistência pré-natal qualificada e contínua. “São necessárias pelo menos oito consultas ao longo da gravidez. É nesse acompanhamento que o médico pode conhecer a paciente, identificar fatores de risco, solicitar exames, orientar mudanças de hábitos e monitorar sinais de alerta. Esse conjunto de ações pode reduzir drasticamente o risco de uma perda”, alerta.
Dr. Vamberto reforça ainda que, além da prevenção, é urgente tratar o tema com empatia. “A dor da perda gestacional não pode ser silenciada. Toda mulher tem o direito de viver seu luto e receber acolhimento físico, emocional e social”, finaliza.