Um novo estudo clínico publicado na última edição do New England Journal of Medicine revelou que o medicamento Mounjaro (tirzepatida) é mais eficaz na perda de peso do que o popular Ozempic (semaglutida), ambos utilizados no tratamento de diabetes tipo 2 e recentemente adotados para o controle da obesidade.
A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Yale e conduzida com mais de 300 participantes adultos com obesidade ou sobrepeso, comparou os efeitos dos dois medicamentos ao longo de 40 semanas de tratamento. Os resultados mostraram que os pacientes tratados com tirzepatida perderam em média 15,8% de seu peso corporal, enquanto os que receberam semaglutida perderam 10,6%, uma diferença estatisticamente significativa.
Ambos os medicamentos pertencem à classe dos agonistas do receptor de GLP-1, que imitam hormônios intestinais envolvidos no controle do apetite e da glicose. No entanto, a tirzepatida também age sobre o GIP (peptídeo inibitório gástrico), o que pode explicar sua eficácia superior na redução de peso.
O estudo foi randomizado, duplo-cego e controlado por placebo — o padrão ouro da pesquisa clínica —, e acompanhou também indicadores de saúde metabólica, como níveis de glicose, pressão arterial e circunferência abdominal. Os pacientes tratados com Mounjaro também apresentaram melhores resultados nesses marcadores, com redução mais acentuada da glicemia de jejum e maior melhora na resistência à insulina.
Apesar dos resultados promissores, os especialistas alertam para os efeitos colaterais de ambos os medicamentos, que incluem náusea, diarreia, constipação e, em casos mais raros, pancreatite. Ainda assim, a taxa de abandono do tratamento foi baixa nos dois grupos, indicando boa tolerância geral.
A pesquisa reacende o debate sobre o uso de medicamentos inicialmente aprovados para diabetes no tratamento da obesidade, uma condição que atinge mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. A FDA (agência reguladora dos EUA) já aprovou a tirzepatida para o tratamento de obesidade sob o nome comercial Zepbound, e a expectativa é que mais países, incluindo o Brasil, sigam o mesmo caminho.
Para o endocrinologista Dr. Ricardo Freitas, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), “a tirzepatida representa um avanço significativo, mas precisa ser acompanhada de mudanças de estilo de vida e deve ser prescrita com critério”.
Com a crescente demanda por tratamentos eficazes contra a obesidade, especialistas defendem o acesso amplo, mas com responsabilidade. O estudo reforça a necessidade de políticas públicas que incorporem essas novas ferramentas de forma equitativa e segur