22 de abril de 2025 — Mesmo com avanços na medicina e no acesso a serviços de saúde, as mortes maternas causadas por complicações hipertensivas na gestação continuam sendo um desafio preocupante no Brasil. De acordo com dados recentes do Ministério da Saúde, cerca de 20% das mortes maternas registradas anualmente no país estão relacionadas a quadros de hipertensão, como pré-eclâmpsia e eclâmpsia — condições que, em grande parte, poderiam ser prevenidas com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado.
Especialistas alertam que a hipertensão gestacional é uma das principais causas de morte evitável entre gestantes e puérperas. “Estamos falando de situações que, se identificadas a tempo e devidamente tratadas, não precisariam levar a óbito. Mas a desigualdade no acesso ao pré-natal de qualidade e à assistência de emergência ainda compromete a segurança de muitas mulheres brasileiras”, destaca a médica obstetra Mariana Lopes.
Os números ganham contornos ainda mais graves em regiões com menor cobertura de serviços de saúde e em comunidades vulneráveis. Em muitas situações, a falta de acompanhamento pré-natal adequado impede a detecção precoce dos sinais de alerta, como pressão alta persistente, inchaço e dores de cabeça fortes.
Organizações médicas e movimentos sociais cobram políticas públicas mais eficazes e campanhas educativas voltadas para a saúde da mulher. Para a presidente da Associação Brasileira de Obstetrícia, Ana Paula Cardoso, é fundamental investir na capacitação de profissionais da atenção primária e na ampliação do acesso ao pré-natal. “Toda gestante deve ter o direito de ser acompanhada de forma integral, com consultas regulares, exames e orientações claras sobre os riscos da hipertensão na gravidez.”
Enquanto isso, os números reforçam a urgência de priorizar a saúde materna como questão de saúde pública. Só no último ano, mais de 300 mulheres perderam a vida no país devido a complicações hipertensivas durante a gestação ou o puerpério.