22 de abril de 2025 — Os afastamentos do trabalho por problemas de saúde mental aumentaram 134% no Brasil nos últimos anos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego. O levantamento aponta que transtornos como depressão, ansiedade, síndrome de burnout e estresse ocupacional lideram as causas de licenças médicas relacionadas à saúde mental.
De acordo com o relatório, o número de afastamentos saltou de 260 mil, em 2020, para mais de 610 mil em 2024, evidenciando o impacto crescente das questões emocionais e psicológicas na rotina profissional dos brasileiros. O dado também revela que apenas 46% dos municípios possuem políticas ou programas estruturados de saúde mental para a população, o que dificulta o acesso a cuidados especializados.
Especialistas atribuem o aumento a uma combinação de fatores, como as pressões do ambiente de trabalho, crises econômicas, insegurança social e o agravamento de quadros emocionais durante e após a pandemia de Covid-19. A psicóloga clínica Carla Mendes destaca que o estigma em torno da saúde mental ainda é um obstáculo, embora o tema tenha ganhado mais visibilidade nos últimos anos. “As pessoas estão adoecendo emocionalmente e, muitas vezes, não encontram suporte adequado. É essencial que empresas e o poder público priorizem o cuidado preventivo e o acolhimento”, afirma.
Para tentar reverter esse cenário, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e a oferta de capacitações para profissionais de saúde. A proposta inclui ainda a implantação de núcleos de saúde mental em empresas públicas e privadas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia alertado para o avanço dos transtornos mentais em nível global e estimou que, até 2030, a depressão será a principal causa de afastamento do trabalho no mundo. No Brasil, o impacto econômico das licenças médicas por saúde mental supera R$ 10 bilhões anuais, considerando custos diretos e indiretos.