O câncer de colo do útero continua sendo um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, com cerca de 7 mil mortes anuais que poderiam ser evitadas por meio da vacinação contra o HPV, rastreamento adequado e tratamento precoce. A doença, que afeta principalmente mulheres em situação de vulnerabilidade, segue como a quarta causa mais comum de morte por câncer entre as brasileiras.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu uma meta global de eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública até 2030, com estratégias que incluem a vacinação de 90% das meninas até os 15 anos, rastreamento de 70% das mulheres com métodos de alta precisão e tratamento de 90% das pacientes diagnosticadas com lesões pré-cancerígenas ou câncer invasivo. No entanto, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos para atingir esses objetivos.
A cobertura vacinal contra o HPV, principal causador da doença, está abaixo do ideal. Dados recentes apontam que menos de 60% das meninas entre 9 e 14 anos tomaram as duas doses recomendadas, bem abaixo da meta de 90%. Entre os meninos, a adesão é ainda menor. Além disso, o acesso ao exame preventivo Papanicolau ainda é desigual, com mulheres de áreas mais pobres e regiões remotas enfrentando dificuldades para realizar o rastreamento regularmente.
Especialistas apontam que a ampliação da vacinação, campanhas educativas e a melhoria do acesso aos serviços de saúde são essenciais para reverter esse cenário. O governo federal tem avançado com iniciativas como a oferta da vacina do HPV para adultos até 45 anos no SUS e a ampliação dos testes de rastreamento, mas ainda há um longo caminho para alcançar a eliminação do câncer de colo do útero no país.
Enquanto isso, milhares de mulheres seguem adoecendo e morrendo de uma doença evitável, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes e de maior conscientização sobre a importância da prevenção.