Pesquisadores chineses anunciaram a descoberta de um novo coronavírus em morcegos, o HKU5-CoV-2, que possui capacidade de infectar células humanas. O estudo foi conduzido pela virologista Shi Zhengli, conhecida como “mulher-morcego”, e realizado no Laboratório de Guangzhou, em parceria com outras instituições científicas.
A nova cepa pertence ao linaje HKU5, já identificado em morcegos no Japão e relacionado a outros coronavírus, como o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, e o MERS. Testes laboratoriais indicaram que o vírus pode se ligar ao receptor ACE2, o mesmo utilizado pelo coronavírus responsável pela pandemia de 2020, levantando preocupações sobre seu potencial de transmissão para humanos.
Apesar da descoberta, especialistas afirmam que o risco imediato de uma nova pandemia é baixo. No entanto, os cientistas alertam para a necessidade de monitoramento contínuo, visto que o vírus apresenta capacidade de adaptação e pode atingir múltiplas espécies.
Para o virologista brasileiro Fernando Spilki, da Universidade Feevale, o achado reforça a necessidade de vigilância global. “A descoberta de novos coronavírus em morcegos não é incomum, mas o fato de este vírus apresentar afinidade pelo receptor humano exige atenção. Ainda não sabemos se ele pode se espalhar com eficiência entre pessoas, mas qualquer novo vírus com essa característica deve ser monitorado de perto”, alerta.
Nos últimos anos, a China tem sido um dos principais focos de atenção quando se trata de doenças zoonóticas. Um estudo divulgado recentemente revelou a presença de 39 vírus desconhecidos e considerados de alto risco em fazendas de animais para extração de pele no país, reforçando a importância de medidas preventivas para evitar futuras crises sanitárias.