O Dia Nacional de Combate à Sífilis, celebrado em 21 de outubro, busca conscientizar sobre essa infecção sexualmente transmissível, que tem registrado aumento global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas Américas, os casos de sífilis entre adultos de 15 a 49 anos cresceram 30% entre 2020 e 2022, totalizando mais de 8 milhões de casos, com a região sendo responsável por 42% dos registros globais. Entre 2017 e 2022, o número de casos de sífilis congênita aumentou 400%, segundo autoridades de saúde dos EUA, e, quando não tratada, a doença pode causar a morte de 40% dos bebês afetados.
Para Celso Granato, infectologista e patologista clínico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), a chave para frear esse aumento é o diagnóstico precoce. “É muito importante o diagnóstico precoce da sífilis. Em primeiro lugar, porque é uma doença que, infelizmente, está se tornando cada vez mais comum. A quantidade de casos é absurdamente grande, e é um fenômeno mundial”, afirma o médico.
Um dos grandes desafios no controle da sífilis, especialmente entre as mulheres, é que os sintomas iniciais são poufundamentalco perceptíveis. “Na mulher, a lesão primária da sífilis, que é uma úlcerazinha indolor, muitas vezes fica em áreas internas, como no fundo de saco, local que fica atrás do colo do útero, o que dificulta a percepção. Quando a mulher percebe, geralmente a doença já evoluiu para a fase secundária”, explica Granato.
Segundo o especialista da SBPC/ML, a importância dos exames clínicos no diagnóstico precoce e controle da doença é fundamental. “Existem dois tipos principais de exames: os testes de triagem e os testes confirmatórios. Se a pessoa tiver a úlcerazinha, o exame direto na lesão pode detectar o Treponema pallidum, a bactéria causadora da sífilis. Já após cerca de três semanas, o exame de sangue é crucial para a detecção de anticorpos”, detalha.
Granato destaca ainda a necessidade de se fazer exames de rastreamento mesmo na ausência de sintomas. “Como a sífilis, especialmente nas mulheres, pode passar despercebida, é essencial aproveitar todas as oportunidades para realizar um teste de rastreamento. A detecção precoce permite tratar a infecção antes que ela progrida para formas mais graves, como a sífilis terciária”, ressalta.
Entre os avanços no diagnóstico da sífilis, estão os testes moleculares, que oferecem maior sensibilidade, principalmente quando o tratamento já foi iniciado. Se a pessoa já começou o tratamento, a quantidade de bactéria pode diminuir, o que dificulta a detecção com exames tradicionais. “Nesse caso, o teste molecular pode ser uma ferramenta valiosa”, afirma o especialista da SBPC/ML.
Embora os exames para sífilis sejam amplamente disponíveis, o maior obstáculo ainda é a falta de conscientização. “Não existe muita dificuldade no acesso aos testes. O importante é lembrar que a sífilis pode ser uma possibilidade e fazer a testagem para evitar sua progressão para formas mais graves”, conclui Celso Granato.