O Brasil teve uma alta de 181% nos casos de coqueluche neste ano, de acordo com informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. Em 2023 foram confirmados 216 casos da doença em todas as regiões do país. Neste ano, somente até julho, já foram 608 casos registrados. Dentre os estados com maior incidência estão São Paulo, com 281 casos confirmados neste ano, Minas Gerais (87), Paraná (76) e Distrito Federal (30). Outras regiões do país chamam a atenção pelo aumento drástico. Santa Catarina, por exemplo, saltou de 1 caso registrado em 2023 para 25 confirmações de coqueluche em 2024, uma alta de 2.400%.
O principal fator de risco para o desenvolvimento da enfermidade é a falta de vacina. Regularmente, as crianças devem receber uma dose do imunizante pentavalente aos dois, quatro e seis meses de vida. Uma nova dose da vacina DTP é aplicada aos 15 meses e posteriormente aos 4 anos. Os adultos também devem receber uma nova dose da vacina a cada 10 anos, principalmente os profissionais da saúde ou que trabalham em escolas e creches.
De acordo com a médica Mayra Kron Zapani, coordenadora de pediatria da Paraná Clínicas, uma das principais operadoras de planos de saúde corporativos do Paraná, a principal forma de transmissão da doença é a tosse, espirros e até mesmo a conversa com uma pessoa contaminada, uma vez que a bactéria é transmitida pelas gotículas de saliva. “A principal forma de transmissão se assemelha principalmente com resfriado, gripe e Covid. Por meio da tosse, espirro, até mesmo pela fala, soltamos as gotículas e quando a pessoa está com a doença acaba transmitindo”, afirma.
Alerta para os sintomas
A coqueluche ocorre em três fases. Na etapa inicial, ela apresenta os mesmos sintomas de um resfriado comum, com febre baixa, mal estar, coriza e tosse seca. Na segunda fase a doença evolui para uma tosse intensa, geralmente afebril ou com febre baixa, ocorrendo em alguns casos pico de febre no decorrer do dia. Nessa estágio a tosse fica mais forte ou incontrolável, com crises súbitas e rápidas que podem causar vômitos. Na terceira fase, já na recuperação, a tosse começa a diminuir, mas pode persistir semanas ou por até três meses. Algumas infecções respiratórias de outra natureza, durante essa fase, podem fazer a tosse intensa voltar temporariamente.
O alerta, segundo os especialistas, fica por conta da doença em bebês menores de seis meses, que são mais propensos a desenvolverem formas graves da doença, muitas vezes letais. Segundo a Dra. Zapani, a orientação é para que crianças nessa faixa etária, que tenham uma tosse constante há dez dias ou mais, ou crianças maiores que já têm uma tosse há 14 dias e que apresentam vômito após a tosse, ou crises de tosse intensa, que deixam o rosto vermelho, devem procurar atendimento médico imediato. Os pais ainda devem ficar atentos a outros sinais, como febre persistente e sinais de esforço para respirar.
“Uma recomendação que estamos fazendo é que para numa crise de tosse, os pais filmem, seja vídeo ou pelo menos o som da tosse, porque ela faz um guincho (chiado) bem característico, resultante da inalação forçosa do ar contra a glote estreitada. Esse é um barulho muito específico e fica mais fácil para o médico diagnosticar a doença” orienta a profissional. O tratamento para a coqueluche é feito com antibióticos, medicação sintomática e o paciente deve ficar afastado da escola ou trabalho durante todo esse período.
A profissional da saúde orienta ainda que os pais não devem se desesperar com qualquer tipo de tosse, uma vez que o sintoma causado pela coqueluche é bem típico da enfermidade e a busca precoce por socorro médico acaba sobrecarregando as unidades de saúde. “Os pais só devem procurar atendimento médico no caso das tosses persistentes há mais de 10 ou 14 dias, em caso de vômito após a tosse ou ainda febre persistente há 3 dias e sinais de esforço para respirar”, orienta.
Por último, a médica da Paraná Clínicas reforça a importância da imunização para reduzir os casos em todo o país. “A vacinação é o meio mais eficaz para frear o avanço da doença e diminuir a transmissibilidade. Essa é a principal medida de prevenção contra a coqueluche”, conclui.
Com informações da Agência Brasil.