Isaquias Queiroz já é uma lenda do esporte brasileiro, sendo um dos poucos a conquistar quatro medalhas olímpicas em apenas duas participações nos Jogos. Ele também possui uma condição pouco comum: vive com apenas um rim. Isaquias perdeu o órgão aos 10 anos após uma queda de uma árvore que resultou em uma hemorragia. Apesar dessa adversidade, ele seguiu uma carreira brilhante, alcançando reconhecimento mundial pelos seus feitos na canoagem. Neste ano, Isaquias será um dos porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura das Olimpíadas, que acontece nesta sexta-feira, dia 26.
“É muito interessante isso, representar o seu país na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Não tenho dúvida de que é considerado uma honra e um dos pontos mais altos da carreira de um atleta”, destaca André Pimentel, médico nefrologista e diretor técnico da Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT).
Isaquias, com sua história de superação, serve como um exemplo inspirador para todos, especialmente para aqueles que lidam com condições renais. De acordo com André, Isaquias tem uma história que tem tudo a ver com a nefrologia e tudo que a especialidade atua e representa. “Ele aos 10 anos perdeu um dos rins por traumatismo e também se superou ao longo da vida, sempre cumprindo as determinações de cuidado de quem tem um rim só. Ele evoluiu como atleta de ponta e já tem reconhecimento mundial pelos seus feitos”, ressaltou.
A condição de viver com apenas um rim exige cuidados específicos, especialmente para atletas, que devem evitar esportes com risco de traumas que possam lesionar o rim remanescente. O médico nefrologista e diretor técnico da ABCDT explica que se o único rim parar de funcionar, a pessoa precisará de diálise, tratamento essencial para mais de 150 mil brasileiros. “Para ser um paciente renal e em diálise, não é uma jornada fácil para qualquer um. E ser um paciente que precisa de tratamento de diálise no Brasil é muito mais difícil”, reforçou Pimentel.
A ABCDT luta pela garantia de tratamento adequado para todos os pacientes renais no Brasil. O nefrologista André Pimentel acrescenta que o tratamento de diálise é caro e envolve uma ampla equipe multidisciplinar, equipamentos complexos e insumos importados. No entanto, o tratamento é subfinanciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que dificulta a manutenção da qualidade e acessibilidade dos serviços.