A hepatite, uma inflamação do fígado provocada por infecção viral, apresenta-se em cinco variantes: A, B, C, D e E. Cada uma delas causa diferentes graus de alterações no organismo. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2000 e 2023, o Brasil registrou mais de 785 mil casos, sendo as versões A, B e C as mais comuns no país.
O mesmo órgão destaca que, globalmente, cerca de 1,4 milhão de mortes ocorrem anualmente devido a algum tipo de hepatite. Para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do tratamento dessas doenças, é celebrado anualmente, no dia 28 de julho, o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais.
“Os sintomas podem ser bastante variados, a depender do tipo e do grau de gravidade. Há casos em que os pacientes não apresentam sintomas, o que é comum nas fases iniciais da hepatite C. Por outro lado, há situações em que os indivíduos podem ter febre, perda de apetite, icterícia, náuseas, vômitos e fezes claras”, explica a Dra. Lilian Branco, infectologista do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”.
Segundo a médica, as formas de transmissão também mudam de acordo com a variante. As hepatites A e E, por exemplo, são transmitidas através da ingestão de água e alimentos contaminados, colocando em risco principalmente aqueles sem acesso a serviços adequados de saneamento básico.
“As hepatites B, C e D, por outro lado, podem ser transmitidas por meio de objetos cortantes com sangue contaminado, relações sexuais desprotegidas e também de mãe com o vírus para o filho durante a gestação ou o parto”, afirma a especialista.
As hepatites B e C, duas das três mais comuns no Brasil, se não cuidadas, têm potencial para se tornarem crônicas e podem levar à cirrose – mesmo na ausência de consumo de álcool -, insuficiência hepática, câncer de fígado e, em alguns casos, à morte.
Dra. Lilian ressalta que existem tratamentos para todos os tipos. “Para as hepatites A e E, geralmente, o tratamento é de suporte, focando no controle dos sintomas, pois na maioria dos casos o corpo consegue eliminar o vírus sozinho, sem maiores complicações.”
O tratamento da hepatite C, que envolve o uso de antivirais, apresenta uma alta taxa de sucesso. Ele é capaz de curar a grande maioria dos casos se for realizado corretamente e se o diagnóstico do paciente for precoce.
Por outro lado, o cenário é diferente quando se trata das hepatites B e D. O tratamento para essas condições varia conforme as características individuais de cada paciente e, embora possa incluir a administração de antivirais, ainda não há cura para essas formas da doença.
“Temos vacinas disponíveis para prevenir os tipos A e B, que fazem parte do calendário vacinal brasileiro. É importante destacar que ao se vacinar contra a Hepatite B, também estamos nos protegendo contra a Hepatite D, pois sua manifestação depende da presença do vírus da Hepatite B no organismo”, relata.
No entanto, a infectologista adverte que ainda não existem vacinas para as Hepatites C e E no Brasil. “Embora existam pesquisas em andamento para a hepatite E, ela é pouco comum em nosso país, sendo mais prevalente no continente africano. Quanto à hepatite C, na ausência da vacina, torna-se crucial a realização de testes periódicos e a manutenção de um cuidado constante com a saúde.”
Além da vacinação em dia, outras medidas são fundamentais na prevenção das hepatites. “Manter uma higiene adequada, ter acesso a saneamento básico, usar preservativos e evitar o compartilhamento de objetos perfurocortantes são ações essenciais para impedir a disseminação da condição e minimizar as complicações associadas”, conclui a médica.