Sucesso de bilheteria em 2024, o filme Divertidamente 2 consegue explicar o funcionamento do órgão mais complexo do corpo humano, o cérebro, de forma muito simples por meio de personagens que estão conquistando o público de todas as idades. Mas você sabe qual a importância de entendermos o funcionamento cerebral?
A médica neurologista Thaís Villa, especialista no diagnóstica e tratamento das dores de cabeça e da enxaqueca, explica que pouca gente sabe, mas a enxaqueca é uma doença do funcionamento cerebral, que vai muito além da dor de cabeça – um dos principais sintomas da enxaqueca, doença crônica do cérebro.
O filme traz, a partir de seu personagem central – a garota Riley, questões sobre o neurodesenvolvimento. O ponto chave, segundo a Dra Thaís Villa, está no momento em que a ansiedade assume o controle e começa a “bagunçar”, trazendo sentimentos como a catastrofização e a preocupação.
“É exatamente essa desorganização que vemos no cérebro de uma pessoa com enxaqueca que está sem diagnóstico e tratamento, sem nada que possa inibir os pensamentos acelerados, ruminantes, hiper alertas, que deixam de viver o presente e querem o tempo todo prevenir algum acontecimento futuro, perdendo o controle até o ponto em que entra em crise e, no seu pico, dá um surto de eletricidade, de hiperexcitabilidade”, explica a neurologista.
A médica refere-se ainda à Joy ou “Alegria” no filme como representante do controle. “Ela assume uma função primordial do cérebro que é a inibição, restabelecendo o equilíbrio da central de comando para que a Riley volte ao seu estado normal”, conta Thaís Villa.
“Esse equilíbrio é o que buscamos diariamente no atendimento aos pacientes com enxaqueca, a inibição para o controle da doença, por meio do tratamento medicamentoso, com os procedimentos adequados, com a equipe multidisciplinar, o acompanhamento psicológico especializado, fazendo com que a central de comando, com o cérebro hiperexcitado característico da enxaqueca, volte ao equilíbrio fundamental para a saúde da mente”, esclarece a Dra Thaís Villa.
A médica completa: “A pessoa com enxaqueca não escolheu a doença, que tem causa hereditária, mas é possível controlar toda a situação, com o paciente assumindo o protagonismo do funcionamento cerebral por meio do tratamento especializado”.