O caso do empresário que faleceu após ter sido submetido a um procedimento de peeling de fenol tem causado muitas polêmicas e discussões por parte de autoridades e da sociedade em geral, especialmente por conta dos debates envolvendo a segurança do procedimento. O peeling de fenol é um procedimento que consiste na aplicação do fenol a fim de causar uma descamação no local aplicado na pele. “É considerado um peeling profundo porque atinge camadas mais profundas da pele e causa uma inflamação grande na região tratada”, destaca Isis Veronez Minami, dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos.
Ela explica que o objetivo principal do procedimento é o rejuvenescimento por meio da renovação celular, estímulo do colágeno, melhora das rugas, flacidez, manchas e até cicatrizes da região tratada, como o rosto, local de aplicação mais comum.
A médica destaca, porém, que o procedimento envolve diversos riscos porque o fenol é uma substância nefrotóxica, hepatotóxica e cardiotóxica. “Isso quer dizer que ele pode prejudicar os rins, fígado e coração, neste caso causando arritmias potencialmente fatais. Além disso o procedimento pode causar discromias (alterações na pigmentação da pele – tanto com manchas mais escuras como muito claras), cicatrizes inestéticas e atróficas e infecções”, alerta ela.
Segundo a especialista, os principais pontos a serem questionados no caso do homem que faleceu após a realização do peeling dizem respeito à realização do procedimento por parte de uma pessoa sem capacidade técnica, sem formação acadêmica e em local inadequado. “Esse procedimento deve ser realizado em centro cirúrgico, com profissional capacitado, com médico dermatologista ou cirurgião plástico, sob anestesia e monitorização cardíaca adequada, durante todo o procedimento. Deve haver uma avaliação médica cuidadosa do paciente para a realização de um procedimento deste porte”, detalha.
Nessa avaliação médica está inclusa a realização de exames laboratoriais e cardiológicos, além da avaliação sobre o uso medicações contínuas e recentes e de outros problemas de pele e de saúde. “Nem todos os pacientes que desejam, podem realmente fazer o procedimento – a indicação deve ser precisa e cuidadosa”, frisa.
No lugar do peeling de fenol outros procedimentos podem ter a mesma função de estimular o colágeno e melhorar as rugas, manchas e cicatrizes, como lasers ablativos que incluem o laser de CO2 e o Erbium. “Geralmente para atingir resultados semelhantes são necessárias mais de 1 sessão desses lasers, mas não há os riscos de toxicidade sistêmica, como problemas nos rins, fígado e coração como há no procedimento com o fenol”, finaliza.