Quando o assunto é Festa Junina, as comidinhas do arraial estão entre as principais lembranças que ocorrem sobre essa época do ano. Junto das quadrilhas e músicas, os quitutes fazem parte da memória afetiva dos brasileiros. Mesmo aqueles que fazem tratamento para controle do diabetes, os que passam por hemodiálise e os que estão em tratamento oncológico podem se deliciar com doces e salgados juninos, seguindo orientação do seu médico ou nutricionista.
Os pratos típicos das Festas Juninas têm ingredientes típicos em suas receitas. Os mais comuns são milho, amendoim e mandioca, que, mesmo com a riqueza da culinária no Brasil, estão presentes em pratos em diversas regiões do país nos festejos de junho. Também temos outros alimentos presentes em muitas guloseimas como abóbora, coco, batata doce e queijos.
Nesta época, pessoas que tratam do diabetes, devem ficar atentas para não exagerarem na hora de comer. O conselho também vale para quem não enfrenta a doença como alerta a nutricionista Tarcila Campos, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“É possível desfrutar de delícias, como o pé-de-moleque, a canjica e a cocada e, mesmo assim, manter a glicose controlada. Não há restrição, a moderação é o segredo. Se planeja ir a uma festa junina e corre o risco de comer além do recomendável, uma opção é reduzir ou substituir o pão, o arroz ou a batata nas refeições anteriores”, explicou a especialista.
Para os pacientes que se alimentam com base na contagem de carboidratos é possível fazer adequações na dosagem da insulina de acordo com a quantidade de carboidratos no prato típico escolhido, segundo Tarcila. Isso vale para os doces com açúcar, como para os dietéticos, ressaltou a nutricionista.
“Os pacientes com meta fixa de carboidratos por refeição devem trabalhar com substituições e tentar manter a quantidade de carboidratos prescrita pelo nutricionista fazendo substituições”, afirmou Tarcila.
Veja aqui algumas dicas de substituições:
- Substituições também vale para o dia a dia. O arroz e o macarrão podem ser trocados por milho cozido, batata doce, pamonha, canjica, pipoca, cuscuz nas principais refeições ou nos lanches intermediários;
- A canjica, além de colaborar para a saciedade, é o melhor substituto para o chocolate quente. Se for possível, preferir versões de doces e canjicas diet;
- Antes de ir à festa, faça uma refeição leve. Chegar à festa com fome é caminho certo para ingerir além do necessário;
- É possível renunciar a um ou outro doce saboroso de forma consciente. Comer apenas o que realmente tiver vontade e não porque a oferta é grande é uma sábia decisão;
- O preparo dos quitutes nas festas é diferenciado e rico em açúcares, carboidratos e gorduras, é preciso realizar a monitorização glicêmica e os ajustes de insulina de acordo com a prescrição médica.
Vai contar carboidratos? Veja aqui a quantidade deles em alguns quitutes juninos:
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Para quem faz tratamento oncológico, a adaptação de receitas também pode ser uma solução para não ficar de fora da festa junina. Segundo a nutricionista Cássia Carvalho do Centro Especializado em Oncologia, receitas que levam muita farinha branca e açúcar, ou outros ingredientes industrializados, podem sofrer alterações.
“A farinha branca pode ser substituída pela integral, o açúcar por adoçantes. As receitas devem sofrer adaptação, mas sem impactar tanto”, afirmou a nutricionista.”, afirmou a nutricionista.
Doces com leite ou creme de leite na receita, por exemplo, podem fazer substituições usando leite desnatado, de amêndoas ou de soja, que têm percentual menor de gordura, explicou a nutricionista Cassia.
No entanto, se o paciente segue a dieta em seu cotidiano e não tem sintomas do tratamento, como náuseas, diarreia, ele pode fazer uma exceção e comer uma comida típica de festa junina.
“Pontualmente ele pode consumir. Se não é da rotina, se ele é saudável no dia a dia, pode comer na festa. As comidas juninas são ‘confort food’, trazem memórias afetivas, o que também é importante para o paciente em tratamento contra o câncer”, disse Cassia.
O nutricionista Lucas Oliveira Monção, que também atua no Centro Especializado em Oncologia, lembra que pessoas com câncer devem ter ainda outro tipo de cuidado.
“Pacientes oncológicos são imunossuprimidos e por isso devem ter cuidado com a higienização do local onde os alimentos foram preparados e como foi a preparação. Eles também devem evitar alimentos crus e de onde a procedência é duvidosa. Quem passa por quimioterapia também deve evitar embutidos”, afirmou o nutricionista.
Andrea Visintainer, nutricionista do Centro Especializado em Nefrologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, alerta sobre a necessidade de orientação constantes aos pacientes sobre alimentação para que quando chegar épocas como a das Festas Juninas eles saibam quais alimentos devem consumir para não ficar de fora da festança.
A orientação nutricional contínua prepara para situações como festas e comemorações. Isso reforça a importância de colocar o paciente no centro de seu próprio cuidado e promove sua autonomia.
“A diálise é um tratamento de longo prazo. É crucial que os pacientes recebam orientação dietética regularmente. É essencial que saibam quais alimentos são mais adequados para sua condição e quais devem ser evitados em sua rotina. Em vez de impor restrições, optamos por educar os pacientes sobre nutrição”, afirmou a especialista.