A Bahia está entre os três estados brasileiros com o maior número em percentual de internações por doenças do aparelho digestivo, segundo dados do Ministério da Saúde. Elas são responsáveis são por 40 mortes para cada 100 mil habitantes em território baiano e estão presentes em 40% dos 417 municípios. Já neoplasias colorretais do estômago e do esôfago estão entre a 3ª e 4ª causa de mortalidade em mulheres e homens no Estado.
Os números foram abordados durante o Gastro Bahia 2024, que ocorreu paralelamente com o III Simpósio Norte-Nordeste de Pâncreas, no Hotel Mercure, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. O evento foi encerrado neste sábado (27), ao meio dia.
Referência no assunto, o gastroenterologista Jorge Guedes falou sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer do pâncreas, reposição da enzimas pancreáticas, fatores que afetam o órgão a exemplo da diabetes, da obesidade, dentre outros. Quanto ao câncer do pâncreas, que “provoca medo nas pessoas”, ele ressaltou que quando detectado no início “permite um excelente prognóstico”.
Até sábado, serão abordados temas como as doenças do aparelho digestivo que ocupam o 3º e 4º lugar do percentual de internações em mulheres e homens na Bahia. De acordo com informações da Sociedade de Gastroenterologia no Estado, patologias infecciosas como hepatites virais B e C no cenário epidemiológico incidem na maioria dos 417 municípios baianos.
A doença gordurosa do fígado tem aumento progressivo já configurando uma causa de câncer de fígado e das principais indicações de transplante hepático.
Cuidados – A ocorrência das doenças do trato digestivo chamam atenção para necessidade de ações voltadas para redução da mortalidade. “Além da capacitação dos profissionais médicos para diagnóstico e tratamento precoces das enfermidades, é preciso implementar medidas de prevenção e promoção à saúde. Entre as quais, destacam-se campanhas educativas quanto ao uso demasiado e/ou indiscriminado de antiinflamatórios e chás, exames de rastreio do câncer colorretal, combate ao excesso de peso, álcool e tabagismo, com estímulo às mudanças de estilos de vida, como aumento da prática de atividade física e melhora na qualidade da alimentação com maior consumo de frutas, verduras e legumes, e menor consumo de carne vermelha, embutidos e enlatados”, complementa Lourianne Cavalcante, presidente da Sociedade de Gastroenterologia na Bahia.
Segundo ela, essas medidas devem ter impacto positivo, ao reduzir a morbimortalidade por doenças de cunho inicialmente, benigno e indolente, como esteatohepatite não-alcoólica e doença do refluxo gastroesofágico até doenças potencialmente graves e fatais, como pancreatite aguda e diversos tipos de câncer do aparelho digestivo.
Dados nacionais- Segundo o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado em setembro de 2020, as doenças digestivas mataram mais de 156 mil pessoas no Brasil, o que equivale a 11,9% de todos óbitos ocorridos no ano de 2018.
Os problemas no sistema digestório afetam mais os homens (57,7%). No recorte raça/cor os brancos representam 53% e os pardos 38%. Mais da metade das mortes (55,0%) por essas doenças acometem pessoas com menos de 70 anos de idade.
Em relação ao sexo, segundo o Boletim Epidemiológico, os homens têm maior mortalidade por doenças digestivas, o que possivelmente se associa aos hábitos alimentares e maior consumo de álcool, que, no Brasil, se inicia na adolescência.
Com o apoio da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) e Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), o GastroBahia 2024 conta com programação ampla, abordando os temais mais relevantes da área.