Não é de hoje que muitas pessoas buscam ter o corpo perfeito. Ainda que os padrões de beleza mudem a cada época, eles se assemelham por serem inatingíveis. Para chegarem ao mais próximo do idealizado, homens e mulheres recorrem a “ferramentas” que até podem, inicialmente, contribuir para atingir o objetivo estético. No entanto, em longo prazo, essas medidas podem afetar o funcionamento do organismo como um todo e causar danos irreversíveis – podendo, até mesmo, serem fatais.
Entre as mais populares, estão os chamados “Chips da Beleza”, que vêm sendo indicados como promotores de redução da gordura corporal, de combate ao envelhecimento e de aumento da libido e da força muscular. Esses dispositivos implantáveis, preparados por farmácias de manipulação, não são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso estético. Além disso, não existem estudos, pesquisas científicas e testes de eficácia, efetividade e segurança dessas substâncias combinadas e utilizadas por essa via, de modo a garantir os resultados prometidos sem riscos, no mínimo, aceitáveis.
chip da beleza
De acordo com a endocrinologista do Hcor, Dra. Regeane Trabulsi Cronfli, os “Chips da Beleza” são, em resumo, produtos que não possuem indicação médica para as finalidades para as quais são recomendadas. Os maiores problemas associados a esses dispositivos derivam do fato de que ainda não existe uma dose segura para o uso de hormônios com finalidades estéticas. “Dentre os efeitos adversos leves, estão irritação da pele, queda de cabelo, aparecimento de acne, ‘engrossamento’ da voz nas mulheres e retenção de líquidos. Entretanto, há muitas complicações graves e, em grande parte, irreversíveis, como tromboembolismo, acidente vascular cerebral (AVC) e até infarto agudo do miocárdio”, explica.
A mesma questão envolve o uso de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) para ajudar no desempenho físico ou no aumento de massa muscular. “Nesses casos, as substâncias podem causar diversos danos à saúde, mesmo após seu uso ter sido suspenso, uma vez que essas substâncias se ligam ao tecido adiposo e permanecem sendo liberadas por meses e até anos. Os principais problemas estão relacionados ao sistema cardiovascular, uma vez que os EAA podem aumentar, inclusive, a massa muscular no coração, sem que mantenham irrigação sanguínea proporcional. O resultado é o crescimento do risco de infarto agudo do miocárdio, AVC e morte súbita, além de também poderem causar arritmias, miocardite e elevação nos níveis do colesterol ruim”, alerta.
Já os injetáveis que favorecem o emagrecimento, originalmente indicados para o tratamento de diabetes, ganharam popularidade porque a redução do peso, sem fazer qualquer modificação nos seus hábitos alimentares ou na atividade física, é um objetivo almejado por milhões de pessoas que desejam emagrecer. Hoje, alguns deles também estão aprovados pelas agências reguladoras para o uso no tratamento da obesidade. “Os riscos aqui são menores, mais direcionados a sintomas gastrointestinais temporários, como náuseas, vômitos, diarreia e dores de cabeça, além de possível redução excessiva no apetite, uma vez que estão sendo utilizados em doses que não são as recomendadas pelos laboratórios desenvolvedores e nem pelas agências reguladoras. São, também, contraindicados em portadores de pedras na vesícula e/ou de pancreatite”, informa.
Na busca pela perfeição estética, o corpo pode pagar um preço caro. “Por isso, é importante que se consulte um médico, para avaliar o seu caso como um todo. A partir daí, pode-se elaborar um plano de tratamento individualizado, a fim de obter resultados positivos na estética, sem causar danos à saúde. Afinal, beleza e saúde têm que andar juntas – e de mãos dadas”, ressalta a Dra. Regeane.