A obesidade infantil é uma preocupação crescente em todo o mundo. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado neste mês pela Federação Mundial de Obesidade, o Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade ou sobrepeso em 2035. Entre os brasileiros, 9,4% das meninas e 12,4% dos meninos são considerados obesos, de acordo com os critérios adotados pela OMS. Um motivo a mais de preocupação, já que o levantamento também indicou uma elevação dos índices da doença nos países de baixa e média renda. No mundo, os dados mostraram que em apenas quatro décadas o número de crianças e adolescentes obesos cresceu mais de mil por cento.
A obesidade é uma condição preocupante entre os adultos. Um estudo recente, conduzido com apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), mostra que mais de 1 bilhão de pessoas convivem com obesidade ao redor do planeta – praticamente uma pessoa a cada oito. Quando se trata de crianças, a situação é ainda mais preocupante. Isso ocorre porque os problemas decorrentes do excesso de peso começam a afetar a saúde em um momento crucial do desenvolvimento.
A obesidade na infância pode ser atribuída a uma série de fatores, como dieta inadequada, falta de atividade física e sedentarismo. Porém, quando se busca pelas condições idiopáticas, que não têm uma causa prévia clínica definida, a análise genética pode revelar mutações em genes específicos que antes não eram consideradas como possíveis causas.
O endocrinologista pediátrico, Dr. Sonir Roberto Rauber Antonini, presidente do 9º Encontro Brasileiro de Endocrinologia Pediátrica, explica que há uma possível influência genética subjacente na obesidade e que isso tem provocado mudanças na abordagem e tratamento. Ou seja, “pessoas têm diferentes genes que podem influenciar se elas têm maior probabilidade de se tornarem obesas. Essa influência genética na obesidade está sendo mais estudada agora. Os médicos estão descobrindo que existem tipos específicos de obesidade, chamados obesidades monogênicas e sindrômicas, que são causadas por alterações em um único gene ou em um conjunto de genes”, explica.
A obesidade monogênica é causada por uma única mutação genética específica, enquanto a obesidade sindrômica refere-se a condições em que a obesidade é apenas uma entre várias alterações clínicas de uma síndrome genética mais ampla, que pode incluir uma variedade de características clínicas além do excesso de peso.
“Diante do aumento da frequência e gravidade de problemas nas crianças, como a obesidade e suas consequências de longa duração, novas perspectivas de tratamento e controle estão surgindo. O que destaca a importância da compreensão genética em várias condições de saúde infantil”, ressalta Sonir Antonini.
Esse será um dos assuntos abordados no 9º Encontro Brasileiro de Endocrinologia Pediátrica, que será realizado de 20 a 22 de junho em Brasília, presidido pelo médico Sonir Roberto Ruber Antonini. No EBEP2024, a conferência internacional de abertura do evento com o Prof. Jack Yanovski, do Instituto Nacional de Saúde (NIH) do Estados Unidos, tratará exatamente da questão dos diagnósticos das diferentes causas de obesidade na infância. Além disso, em outra conferência, ele abordará os tratamentos farmacológicos (medicamentosos) e a questão da cirurgia bariátrica em crianças e adolescentes obesos. Já o simpósio “Ambiente e Metabolismo” discutirá como o tempo de uso de tela por crianças pode colaborar com o desenvolvimento de obesidade e também como a obesidade altera o padrão de crescimento, maturação esquelética e puberdade nestas crianças.
O EBEP2024 também abordará temas como: diabete melito, crescimento e puberdade, doenças tireoidianas, doenças osteometabólicas, distúrbios adrenais, gonadais e DDS, ética profissional, entre outros.
Serviço:
9º Encontro Brasileiro de Endocrinologia Pediátrica
20 a 22 de junho
Centro de Convenções Ulysses
SDC – Ulysses Guimarães
Brasília – DF