Você sabia que a doença renal crônica será a quinta maior causa de morte no mundo em 2040? É isso o que revelou um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), cujos dados também apontam que, atualmente, cerca de dez milhões de pessoas no Brasil são diagnosticadas com doença renal crônica e 90 mil estão em diálise. Outros 50 mil, aproximadamente, morrem anualmente de forma precoce sem antes ter acesso a alguma forma de tratamento, seja diálise ou transplante renal. Estimativas do Ministério da Saúde mostram ainda que 10% da população mundial tem algum grau de doença renal crônica, o que equivale a 850 milhões de pessoas.
Todas essas informações ressaltam a importância de uma data pautada nas doenças renais, que neste ano é celebrada no dia 14. Comemorado toda segunda quinta-feira do mês de março, o Dia Mundial do Rim tem como objetivo conscientizar a população sobre as doenças renais, com foco na prevenção e na incorporação de práticas saudáveis. A campanha não só dissemina informações sobre a prevenção e o diagnóstico precoce, como também orienta acerca de hábitos que podem colaborar com a saúde dos rins, órgãos que desempenham funções imprescindíveis, das quais dependem o equilíbrio e o bom funcionamento do organismo.
Doenças renais
De acordo com a nefrologista do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES), Dra. Ana Cláudia S. Martins Rochel, inicialmente é necessário entender a diferença entre Insuficiência Renal Aguda e Crônica. “Quando a doença se instala de forma súbita e rápida, chamamos de Doença Renal Aguda, cujos sintomas mais comuns são redução da quantidade de urina, falta de ar, tosse, inchaços no corpo e na face”, explica ela. Já a Doença Renal Crônica, segundo a médica, é conhecida como uma doença silenciosa, já que não apresenta sintomas e torna-se aparente somente em fase avançada, algo bastante preocupante. “O paciente apresenta vários sinais e sintomas, dentre eles, redução da quantidade de urina, inchaço no corpo e na face, falta de ar, associados também à fraqueza intensa, desânimo, sonolência, falta de apetite, náuseas, vômitos, emagrecimento, palidez, coceira no corpo, entre outros”, explica ela.
Prevenção e atenção aos sinais
De acordo com a nefrologista, o Diabetes Mellitus e a Hipertensão Arterial Sistêmica são as principais causas de Doença Renal Crônica. Dessa forma, a prevenção e o tratamento adequado dessas doenças constituem-se em medidas essenciais para que a condição não se manifeste. Ela afirma que é imprescindível o controle dos fatores de risco destas doenças, tais como sedentarismo, tabagismo, abuso de bebida alcoólica, obesidade, alimentação inadequada, com predomínio de alimentos processados e ultraprocessados, uso abusivo de açúcar e de sal na alimentação. A médica ainda salienta que é necessário atentar-se ao histórico familiar, pois, se há histórico de doença renal na família, a pessoa deverá consultar periodicamente o clínico geral ou nefrologista para avaliação. “Infecções repetidas de urina e pedra nos rins, quando não tratadas de forma adequada, também podem comprometer o funcionamento dos rins. Da mesma forma, doenças que acometem próstata, útero, ovários e intestino, sejam benignas ou malignas, podem comprometer o fluxo de urina no aparelho urinário, podendo causar Doença Renal Aguda”, acrescenta Dra. Ana Cláudia.
Diagnóstico e tratamento precoce
A avaliação básica inicial é composta de um exame de sangue chamado creatinina, que avalia a eficácia dos rins ao filtrar o sangue, e também um exame de urina, chamado Urina 1. A creatinina é resultante do metabolismo muscular e, no processo de filtração do sangue, essa substância é eliminada pelos rins na urina. “Quando a capacidade de filtração dos rins está comprometida, a creatinina se eleva de forma anormal no sangue. Portanto, quanto mais elevada for a creatinina no sangue, maior é o comprometimento da função renal”, exemplifica a nefrologista. Já o exame Urina 1 detecta alterações como a presença de sangue e perda de proteínas pela urina. “Esses dados são de grande importância para o diagnóstico precoce de doenças renais”, complementa ela.
Uma forma de prevenir a perda da função renal e os impactos causados, é o diagnóstico e o tratamento precoce. “Avaliar a função renal periodicamente é mandatório para qualquer pessoa, independentemente da condição de saúde. Essa avaliação periódica deve ser realizada por clínico geral, ou por um médico de qualquer especialidade com o qual a pessoa faz seguimento”, diz a médica. Ela ainda salienta que a periodicidade mínima é de uma vez por ano e, uma vez observada alteração da função renal, o paciente deverá consultar um nefrologista.
Uso inadequado de medicamentos
Para finalizar, a médica alerta sobre o uso inadequado de medicamentos, algo que pode comprometer a função dos rins. É o caso de anti-inflamatórios não-esteroidais, tais como Ibuprofeno, Nimesulida, Diclofenaco, Cetoprofeno, Naproxeno e Piroxicam, remédios frequentemente usados pela população, sem orientação médica. “Os anti-inflamatórios não esteroidais, os AINEs, principalmente quando são utilizados cronicamente, podem comprometer a capacidade dos rins de filtrar o sangue, podendo evoluir para falência renal aguda ou crônica”, finaliza a médica.