O rei do Reino Unido, Charles III, será submetido a uma cirurgia na próstata em breve, conforme anúncio recente do Palácio de Buckingham. O motivo é o aumento da próstata ou hiperplasia prostática benigna (HPB), doença que acomete cerca de 50% dos homens após os 50 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). O tipo de tratamento a que o monarca será submetido não foi divulgado, mas especialistas afirmam que o tratamento mais comum é a ressecção transuretral da próstata, técnica que envolve a remoção do interior da glândula, preservando-se a parte externa.
Nos casos de próstatas menos volumosas, uma incisão transuretral da próstata pode ser indicada, removendo-se apenas uma pequena porção do tecido para desobstruir a uretra. Possibilidades como uso de laser, micro-ondas e cauterização podem ser avaliadas, mas sua indicação depende do tamanho da próstata, do conhecimento e da experiência do urologista, das condições de saúde do paciente e do acesso a essas tecnologias, entre outros fatores.
Segundo o urologista Nilo Jorge Leão, coordenador do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), em situações em que a próstata é consideravelmente grande, a prostatectomia (remoção da próstata) pode ser a melhor opção. Essa cirurgia pode ser realizada de forma aberta (convencional) ou por técnicas minimamente invasivas, como videolaparoscopia e cirurgia robótica, as quais oferecem vantagens como recuperação rápida, menor sangramento e risco reduzido de complicações como incontinência urinária e disfunção erétil.
Avaliação prostática – O aumento da próstata em si não é um problema. “A HPB é benigna, o que significa que o aumento não está relacionado a nenhum tipo de câncer no órgão e nem aumenta o risco de um tumor”, frisou Nilo Jorge. Contudo, como a glândula está anatomicamente localizada junto a algumas estruturas do trato urinário, seu aumento pode comprimir a uretra e atrapalhar a saída da urina. Os primeiros sinais são a perda de força do jato urinário e a necessidade de urinar frequentemente. Outros sintomas comuns são dor ou dificuldade para urinar; infecção urinária; cálculo de bexiga; insuficiência renal, nos casos de grave obstrução; e disfunção erétil (impotência), quando ocorre compressão dos nervos que controlam a ereção.
Como o aumento da glândula prostática nem sempre influencia no ato de urinar, muitos homens negligenciam sintomas leves e não procuram ajuda médica precocemente. “Esse comportamento pode desencadear um quadro mais grave, com uma insuficiência renal avançada, por exemplo. Por isso, é importante que ao primeiro sinal de crescimento da próstata, o homem procure um urologista. Na realidade, mesmo sem sintomas, uma avaliação prostática anual deve ser realizada a partir dos 45 anos”, recomendou o urologista Nilo Jorge Leão, chefe do serviço de Urologia dos Hospitais Mater Dei Salvador e Municipal de Salvador e coordenador da Unidade de Uro-Oncologia das Obras Sociais Irmã Dulce.
Pacientes que recebem o mesmo diagnóstico do Rei Charles III após exames de rotina, mas não têm queixa ou sinal de obstrução urinária, podem ser acompanhados regularmente, sem a necessidade de um tratamento específico. Se houver aumento da próstata e sinais de obstrução moderada das vias urinárias, geralmente o tratamento indicado é medicamentoso. Só quando a obstrução das vias urinárias é grave ou quando o tratamento com medicamentos não tem sucesso, uma cirurgia é indicada.
Diagnóstico – O PSA, Antígeno Prostático Específico, é um marcador da saúde prostática obtido por meio de análises sanguíneas. Seus níveis aumentam em casos de HPB, prostatite e, especialmente, câncer de próstata. Pacientes com baixos níveis de PSA raramente apresentam câncer. Em casos de valores intermediários, a HPB é o diagnóstico mais provável, embora não exclua a possibilidade de câncer de próstata. Níveis elevados de PSA indicam um maior risco de câncer, mas também podem ser associados à prostatite ou mesmo apenas à hiperplasia.
Ainda sobre o diagnóstico do HPB, o urologista Nilo Jorge Leão destaca que o toque retal é um exame importante para identificar se o aumento da próstata é uniforme, indicando HPB, ou localizado, sugerindo a presença de um tumor. “O ultrassom transretal oferece uma visualização detalhada da próstata, pois calcula seu tamanho e volume, facilitando a detecção de nódulos suspeitos”, explicou.
Já o ultrassom abdominal pode ser útil para medir o volume de urina na bexiga, avaliar sua capacidade de esvaziamento, visualizar os rins e identificar obstruções graves que possam causar acúmulo anormal de urina nos rins devido à obstrução ou bloqueio das vias urinárias (hidronefrose). Se, após esses exames, o câncer ainda for uma possibilidade, a realização de uma biópsia da próstata se torna necessária para um diagnóstico conclusivo.