“A alimentação saudável deve ser meta de toda a população, durante toda a vida. Quando maltratamos nosso organismo com hábitos alimentares inadequados, a conta chega com juros, traduzidos por doenças crônicas, onde se insere a obesidade”. A observação é da nutricionista do Núcleo de Obesidade do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), Cristiane Pacheco.
Um dos pilares do tratamento da obesidade é a alimentação. No Cedeba, pessoas em tratamento da obesidade seguem pelo caminho da reeducação alimentar – não se fala em dieta – porque, como explica Cristiane Pacheco, “é preciso compreender o papel do alimento, que não se restringe ao atendimento de uma necessidade orgânica, já que envolve questões sociais, culturais e econômicas. A desconstrução de hábitos alimentares pouco saudáveis é um processo que exige tempo, conhecimento e paciência”.
A equipe de Nutrição, do Núcleo de Obesidade do Cedeba, ao definir o plano alimentar de cada paciente, leva em consideração valores culturais e econômicos, preferências alimentares, para tornar mais viável a adesão ao tratamento. Os pacientes aprendem que não há justificativa para restrição radical de determinados alimentos. Segundo Cristiane Pacheco, as refeições devem conter todos os grupos de alimentos: proteínas, gorduras, carboidratos (de boa qualidade), e vitaminas (frutas e verduras). O importante – pontua – é o equilíbrio: feijão (ou outra leguminosa em pequena quantidade), arroz, acrescidos de uma proteína e maior quantidade de salada (legumes crus e cozidos).
De acordo com a nutricionista do Cedeba, a desinformação também leva a erros alimentares que favorecem a obesidade. Muitas pessoas acreditam que podem comer alimentos integrais à vontade. A diferença entre o pão integral e o pão branco, por exemplo, está na maior quantidade de fibras, mas ambos têm o mesmo valor calórico. Isso vale para outros alimentos. O que as pessoas aprendem é que não dá para comer à vontade. As quantidades são necessárias.
Quem está em tratamento da obesidade, orienta a nutricionista, não precisa se isolar. É importante participar de eventos sociais, de reuniões familiares e adotar estratégias para não prejudicar o plano alimentar. Numa comemoração numa pizzaria, por exemplo, antes de sair, comer uma porção de salada para consumir a pizza com parcimônia.
Exercício físico é indispensável
A prática de exercícios físicos regulares é indispensável na prevenção e controle da obesidade, segundo a fisioterapeuta do Núcleo de Obesidade do Cedeba, Lorena Guedes. No caso da obesidade de grau elevado, explica, muitos pacientes sentem dores articulares e por causa das dores não fazem exercícios. E sem exercícios físicos, o reganho de peso acontece, como está ocorrendo agora com muitos pacientes na pandemia da COVID-19. É que o isolamento social e a falta de exercícios mexeram com o emocional.
Com a pandemia, as pessoas com obesidade, acompanhadas no Cedeba, ficaram sem o trabalho em grupo desenvolvido pela fisioterapia, muito importante para despertar sobre a importância dos exercícios físicos, consciência corporal, respiração correta. Os grupos continuam suspensos.
Para ajudar as pessoas que ficaram no isolamento social, o Cedeba fez vídeos educativos com os profissionais da equipe multidisciplinar, onde se insere a Fisioterapia. Muito importante, segundo Lorena Guedes, porque no processo de emagrecimento, a perda de gordura exige o fortalecimento do músculo. Mesmo nos pacientes que sentem dores musculares por causa do excesso de peso, “o exercício contribui para o alivio das dores, aumenta a disposição e o bem-estar”, observa a fisioterapeuta.
O exercício físico, além de fortalecer a musculatura, de acordo com Lorena Guedes, melhora a função cardiorrespiratória. E músculos fortes são essenciais para maior equilíbrio, ajudando o paciente a sair da zona de conforto. Tem ainda o aspecto bioquímico, porque liberar endorfinas e traz bem-estar.
Com informações Cedeba